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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mágoas e Gratidão


Eu agradeço...

Tu me feriste, mesmo assim eu agradeço...
Usufruímos momentos que não esqueço,
Infinitos para mim, amáveis e delirantes...
Meras palavras - hoje sei - soltas ao vento,
Mas me embalavamm, me adoçando o pensamento,
E tornavam os meus dias empolgantes.

Depois partiste, me deixaste, sem pudor, sem compaixão.
Naufragou-se meu amor nas ondas da solidão,
Sufocando em nostalgia um mudo, calado, pranto...
E a roda do destino a mover-se, implacável,
Transformou a relação, tão intensa e adorável,
Em um charco de feridas, de mágoas e desencanto...

No entanto o meu ser hoje sente gratidão
Pela chance que o destino deu-me, então,
De me auto-conhecer e me reerguer também,
Permitindo-me o prazer de poder verificar
Quanto este coração consegue se doar,
E com que intensidade sou capaz de amar alguém!

( Oriza MArtins )

O Viajante

Um homem, tendo que fazer uma longa viagem, se preparou como melhor lhe convinha. Teria um longo caminho pela frente, quase cem anos, e neste tempo, enfrentaria muito sol, muita chuva, muito frio, enfim, inúmeros obstáculos. Achava que nada poderia detê-lo. Para a sua caminhada, tomou calçados, roupas, chapéu, enfim, tudo o que achava necessário. E tudo era novo. Pensou em seu destino e em tudo de valor que achava possuir. Abriu sua mochila, e nela colocou tudo, calçado, roupa, chapéu, achando que se não os usasse no seu dia a dia, ao final, teria tudo ao seu dispor, quando quisesse. E novo. Colocou tudo às costas, e partiu. Ao longo de sua vida, após varias trilhas, viu-se cansado e não pôde mais continuar. Estava exausto. O peso às suas costas, com os seus tesouros, já lhe era insuportável. Seus pés, rachados e sangrando, seu corpo surrado e frágil, sua cabeça ferida e seu pensamento, sem direção. Olhou para os seus pés e para seu calçado. O sapato continuava novo, e seus pés, acabados. Tomou a sua roupa nova e tocou o seu corpo velho e dolorido. Levantou o seu chapéu, novo, e tentou colocá-lo em sua cabeça inchada. Faltava muito para chegar ao topo, e tudo que possuía, novo, tal como preservou, de nada lhe servia agora. Pensou em abandonar tudo. Já havia abandonado no princípio. Em silêncio, e pela primeira vez, concluiu que se tivesse utilizado o seu calçado, ele estaria velho, mas seus pés, dolorido, apenas. Se tivesse se vestido, sua roupa estaria rota, mas, seu corpo não estaria cansado e sujo. Se tivesse usado o seu chapéu, ele estaria com suas abas caídas, mas sua cabeça não estaria por estourar de dor. Refletiu, e reconheceu que ali estavam os seus verdadeiros amigos. Para servi-lo, a todo instante, porém tentando somente preservá-los, não permitiu que eles participassem de sua vida.
Lembre-se: "Os seus amigos não querem estar somente em uma mochila, como o calçado, a roupa, o chapéu, como um fardo. Querem é estar contigo, em toda a sua jornada, mesmo que cheguem desgastados, sujos, cansados, porém, certos de que, de algum modo, aliviaram a sua dor, seu sacrifício e participaram de sua alegria, e chegaram ao fim. Todos Juntos".
( Alfredo Lyrio do Valle Neto )

Doce Essência


Essência da vida, aroma inebriante, cheiro provocante e sensual, perfume de mulher... Doce gosto do pecado, toques que seduzem, pele que arrepia, gestos que induzem aos prazeres da volúpia e da entrega...

Essência da pureza, beleza exótica, misterioso olhar, íntimos segredos trancafiados a sete chaves para que tão somente o escolhido obtenha a permissão e a satisfação de desvendar... Doce e quente sabor, inconfundível, inexistente, inigualável néctar extraído de seus poros, de sua intimidade...

Essência do amor, corpos suados, trêmulos, insaciáveis, unidos como se fora um só... Doce e linda visão, perfeição anatômica, onde cada ponto, cada traço parecem ter sido milimétricamente desenhados... Essência do desejo, bocas vorazes trilham insaciáveis pelos corpos a busca do prazer extremo atingir... Doce e delirante momento, corpos entrelaçados, gemidos e arfares sonoros espalham-se no ar...

Essência do prazer, posições variadas e alternadas a procura do gozo e do êxtase... Doce e eterna sensação, incontroláveis espasmos corporais traduzem o puro e verdadeiro sentimento de excitação, traduzem o significado da palavra tesão... Essência do carinho, mãos que tocam delicadamente partes sensíveis, e a cada toque contorções frenéticas evoluem... Doce e maliciosa investida, fortes estocadas e ardentes contrações saciam o febril desejo libidinoso de dois sexos...

Essência do erotismo, sussurros e gemidos incentivam ultrapassar os limites do possível e do ato rotineiro... Doce e derradeiro final, corpos estendidos, olhos cerrados, cheiro inebriante de seivas misturadas, sabores ímpares em bocas coladas... Doce essência do amor, tornando fantasias em realidadee realidade em fantasias...

( José Cardoso )

Pensamento do dia

Cada vez que mentes para evitar um esforço, a manta sob a qual te escondes torna-se um pouco maior, até que acabes por te afogares debaixo dela.